Almir Zarfeg – Amigo literário

Por Toni Ramos Gonçalves

Hoje tenho a honra de publicar aqui no meu blog o amigo Almir Zarfeg (também chamado de A. Zarfeg ou AZ), da distante e querida Teixeira de Freitas, capital do extremo sul da Bahia. Ele é poeta e jornalista. Preside a Academia Teixeirense de Letras (ATL).

Conheci o Almir pela rede social Facebook, que, apesar de dividir opiniões, pode ser uma ferramenta útil no nosso dia a dia, se for bem utilizada. Através das redes sociais estreitamos distâncias e mantemos um contato frequente com os amigos e colegas esparramados por toda a imensidão desse país e fora dele.

E foi entre curtidas e compartilhamentos que esbarrei no poeta Almir Zarfeg e seu talento indiscutível.  Em pouco tempo, alicerçados pela literatura, construímos uma grande amizade. Prova disso foi a sua participação em coletâneas organizadas por mim, entre elas: “Olhares Múltiplos” (2016) e a premiada homenagem a João Guimarães Rosa “O que a vida quer da gente é coragem” (2018).

Eu tive a honra, em duas oportunidades, de ser jurado dos concursos literários promovidos pela sempre competente Academia Teixeirense de Letras.

Então, o meu desejo é que nossa amizade se perpetue e que assim possamos partilhar momentos únicos e inesquecíveis que somente a literatura proporciona.

Seja sempre bem-vindo, meu amigo!

Xau e inté a próxima!

ANOSMIA

Por Almir Zarfeg

Estava feliz porque voltara a sentir cheiro e, por isso, vivia com as narinas abertas para o mundo, ou melhor, para os cheiros mundanos.

Seu status agora nas redes sociais era: Estou sentindo cheiro de novo. Obrigado, doutor Carlos Araújo.

A chatice ficava por conta do ensaio da formatura em Letras marcado pro dia 12 de agosto, às 19h, no Cenário Eventos.

— Um dia antes da formatura, da colação de grau, certo?

— Ok, obrigado, entendi. Os convites chegaram?

— Chegam dia 28 próximo…

— Ok, mãezinha.

— Meu nome é Tatiane e gostaria que me chamasse assim.

— Tatinha posso?

— Não. Tatiane ou Taty. Sem intimidades, faça o favor.

— Se for para te chamar de Taty ou Tatiane, prefiro não falar mais com você. Não aguento isso. É muito castigo para um homem só!

— Não quer dizer não!

— Mudando de assunto, eu queria tanto ser o orador da turma…

— Já lhe disse, converse com Flávia… Ela está viajando, chega na segunda, liga para ela.

— Me dá o celular dela, da gorducha, por favor.

— 9-9976…

— Agora me dá seu número novo…

— Pra quê?

— Te passar lindas mensagens…

— Não quero receber.

— Continua chateada comigo?

— Passe para ela, sua mulher, não para mim, não confunda as coisas.

— Tudo bem, só mais uma coisa…

— Não tenho por que receber lindas mensagens suas. Acho que você tem que passar para ela, não para mim.

— Só mais uma coisa: é para levar alguém comigo no ensaio?

— Ela não disse, mas acredito que o par que vai entrar com você… Mas vou saber e, depois, passo essa informação.

— Ok, obrigado por tudo.

— Não tem de quê.

— Já arrumei uma gata para ser meu par…

— Que bom!

— Olha, quando você estiver menos amarga, me avise, viu?

— Não estou amarga. Pelo contrário, nunca estive tão doce…

— Não parece…

— Tão feliz…

— Ié?

— Tão satisfeita…

— Que bom. Então é outra Tatiane.

— Sim.

— Não é aquela Tatinha que eu conhecia tão bem…

— Com você sou essa agora.

— Essa não quero. Prefiro ficar sem…

— Aquela rapariga morreu junto com suas ofensas.

— Meu Deus!

— Tchau.

— Não foi um prazer falar com você. Que coisa!

— Ok.

— Queria te falar mais uma coisa, mas, pelo jeito, não vale a pena…

— Não vale mesmo.

— Deixa te cheirar pelo menos mais uma vez na vi-da. Deixa! 

— Não é não. Fui.

— Já vai tarde…

— Seu cu!

— Seu nariz!

Foto:
Nariz, de René Magritte

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