Por Toni Ramos Gonçalves

Foto: fantasia de 2017 do autor
Eu adoro o carnaval.
Na minha infância, minha mãe me levava às matinês do Clube União e era a maior alegria, ver os pais e filhos divertindo no salão, todos sorrindo felizes ao som das marchinhas. Foi ali que tomei gosto pela festa. Na juventude, o carnaval era na Praça da Estação, a rapaziada eufórica ao redor do trio elétrico (sempre imóvel). Surgiam novos ritmos musicais como a Lambada e o Axé. Os cantores famosos da época eram Luís Caldas, Asa de Águia e muitos outros. Foi ali, aos quatorze anos que bebi a minha primeira cerveja. Tive que pedir alguém para me ensinar abri-la… Vê se pode? E foi também o primeiro porre da minha vida. Nem sei como cheguei em casa. Lembro-me de uma ex namorada me ver no meio da multidão e dizer assustada ao me puxar: você não se parece com meu antigo Toni. Dei um beijo nela e continuei seguindo a fileira.
À noite, o trio elétrico cessava as músicas e o desfile das escolas de samba e blocos caricatos iniciava na Rua Silva Jardim (Em frente ao Grande Hotel) em direção da Praça da Matriz, que na minha opinião sempre será o melhor local para eventos na cidade. Anos depois mudaram para Prainha (a Jove Soares, para desespero e pesadelo de quem mora na região) e eu já casado e com meus filhos pequenos, (um deles no colo), íamos curtir os desfiles das escolas de samba de Itaúna. Quem não se lembra do Zulu, Unidos da Ponte, Império da Vila. Cito também os blocos “Banda Suja”, “Cuecões”, “Sai da Reta”, “Pau de Gaiola”, “Eu sozinho” do Newton Regal, dentre outros. Na época eu curtia “assistir”, mas pensando melhor, era meio sem graça, pois apesar de todo glamour, o bom mesmo é foliar (suor e samba) na passarela.
E de repente o carnaval “acabou” (ou diminuiu) na cidade. Nada de escolas de samba, blocos (alguns ainda resistiram como o “Esplendor e Glória” e o “Pau de Gaiola”, sem dúvidas o melhor bloco da cidade).
O carnaval sempre foi considerado uma festa dos excessos. E tudo em excesso é ruim. Foram anos, aquela festa mixuruca, sem graça, sem “tesão”. A violência na cidade, às vezes comprometeu a sua realização. Certa vez, as vésperas do carnaval, bandidos invadiram o hospital com o intuito de finalizar uma tentativa de homicídio que se concretizou de forma cinematográfica. Houve uma tensão na cidade durante todo o carnaval, com poucos (e corajosos) foliões na rua.
Aconteceu que os foliões itaunenses começaram a buscar outras cidades para sua diversão, como Ouro Preto, Diamantina (as cidades históricas eram as preferidas). E foi assim durante um bom tempo até o carnaval ressurgir em novo formato: os blocos de abadá e trios elétricos (móveis, viu?) e teve até camarote (que gerou muitas discussões nas redes sociais). Importante é que reforçaram a segurança na avenida e a festa voltou revitalizada e nos anos seguintes surgiram novos blocos. Era bom demais para ser verdade. Aí, Itaúna começa a ser Itaúna.
Neste ano o carnaval itaunense dá sinais de “fraquejar” (como diria certo político). O bloco “Tomara que caia” desfilou na avenida e fez um sucesso estrondoso por um ou dois anos e de repente sumiu. Este ano o bloco “Deu no que deu”, anunciou sua ausência. E hoje fiquei sabendo que o “Vem que vem” também desistiu. Talvez, essa “fraquejada” seja devido à proximidade com a cidade de Belo Horizonte, onde o número assustador de cinco milhões de turistas invadem a capital durante os quatro dias de folia. Eu mesmo estive lá no ano passado. Promete.
Porém, quando penso que o bloco carnavalesco “Bola Preta” do Rio de janeiro, está há mais de cem anos alegrando o povo carioca, fico triste pela falta de persistência de nossos blocos. Sim, o custo de colocar um bloco na rua é alto, são as explicações dadas por eles. Bem, não sou economista… Mas, ao que parece o sucesso dos eventos itaunenses tem prazo de validade, só pode. Tudo aqui tende a desandar ou “fraquejar”.
Bem, vai ter aquela turma torcendo contra o carnaval, sempre tem (investir em educação, hospitais, etc…, mas, isso são outros quinhentos). Para quem gosta, estamos acostumados com esses argumentos. A verdade é que tentaram acabar com o carnaval e não conseguiram, e foram várias vezes. Não tem jeito. É a festa do povo, sempre será.
Eu, próximo de completar os cinquenta anos, ainda quero aproveitar o resto de juventude que me resta, pois a velhice chega para todo mundo, a não ser para quem já tem a alma velha.
Lembre-se: diversão (com moderação) faz parte da vida.
Sabe de uma coisa, vendo suas palavras eu viajei nos momentos em que aqui fiquei e nos que fui para São João del Rei. Acabei indo mais do que ficando e quando me dei conta me apaixonei pelo carnaval daquela cidade.
Itaúna tem gente valiosa que ama o carnaval e por ele tudo faz. Mas na mesma proporção há aqueles que desconstrói a alegria que está no sangue de todo povo Brasileiro. Afinal a festa é a mais popular do mundo.
Parabéns! Belas palavras, belas recordações.
Abraços do Ramon Marra
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Sou desta época e amante do carnaval. Por estes motivos comecei a viajar pra São João del Rei e passar a folia por lá.
Apaixonei pela cidade e seu carnaval e por anos e anos meu destino era aquela linda cidade.
Itaúna tem gente competente que sempre soube fazer excelentes carnavais. Mas, também sabemos que sempre houve desconstrutores que por motivos políticos, pessoais e por não gostarem da festa descontinuaram os avanços que a cidade ganhava a cada folia, a cada ano de trabalho.
Deu no que deu! Talvez agora nem isso mais!
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Sou desta época e amante do carnaval. Por estes motivos comecei a viajar pra São João del Rei e passar a folia por lá.
Apaixonei pela cidade e seu carnaval e por anos e anos meu destino era aquela linda cidade.
Itaúna tem gente competente que sempre soube fazer excelentes carnavais. Mas, também sabemos que sempre houve desconstrutores que por motivos políticos, pessoais e por não gostarem da festa descontinuaram os avanços que a cidade ganhava a cada folia, a cada ano de trabalho.
Deu no que deu! Talvez agora nem isso mais!
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