por Toni Ramos Gonçalves

Hoje quero falar sobre a Academia Itaunense de Letras. A fundação desta instituição foi um marco para a cultura Itaunense, pois, graças à coragem de nove amigos, foi possível se concretizar um sonho de quase 40 anos. E eu estava lá. Fui o primeiro presidente, e apesar da pouca experiência, tive o apoio da diretoria, em especial o secretário Luiz Mascarenhas para realizarmos excelentes eventos e dignas homenagens. Toda gestão foi direcionada exclusivamente a literatura. Já dizia o escritor Antônio Cândido: Literatura como sistema.
Maria Amélia Dalvi, professora de literatura na Universidade Federal do Espírito Santo, esclarece: “(…) literatura não se reduz à escrita e à leitura de obras. (…) Práticas que passam pela leitura, mas vão além dela. Entender a importância da literatura na vida social: Pensar seu tempo, sua sociedade, seu lugar no mundo como indivíduo. (…) A literatura é historicamente, uma dimensão privilegiada da criatividade, questionamento, resistência, problematização, tensão.” Voz da literatura (edição 7 nov/2018).
Na minha gestão (2015/2017), com o apoio do Grupo de Escritores Itaunenses, todo evento foi direcionado à comunidade itaunense e alguns se destacaram: a intervenção urbana nas praças (Pé de poesia); Concurso de Contos e Poesias em parceria com a Secretaria Municipal de Educação; Homenagens a dois grandes professores da cidade (Professor Miranda e Marco Elísio Coutinho); Feira literária; Publicações de livros individuais e coletivos (promovendo novos escritores), Sarau na biblioteca. A AILE sempre ao lado do povo, como deve ser.
Porém, é comum que a cada gestão tente-se dar uma “cara nova” a instituição, de acordo com sua diretoria. E com o passar do tempo, o objetivo principal se “desconfigura” e a literatura para o povo, que sempre foi o objetivo principal, se torne algo secundário. Em meu discurso de posse fui claro que a intenção era inovar a definição sobre academias de letras, sempre conservadoras e ausentes da comunidade. Nada de ficar vangloriando seus currículos recheados de livros, mestrados, doutorados e outras láureas. Academias foram feitas para o bem comum, para o povo e transcendem qualquer vaidade. O nosso sonho sempre foi levar a literatura aos jovens e plantar uma semente cultural, para as gerações vindouras. Repensemos a tarefa de pensar o mundo, já dizia a escritora Hilda Hilst.
Abração e até a próxima!



